O gerenciamento das informações nas organizações é importante tanto para
o público externo: investidores, fornecedores, instituições financeiras,
governo; quanto para o público interno das organizações. Transparência e um
correto desenvolvimento das funções dentro da empresa são alguns dos exemplos
que esses públicos procuram. Bons controles internos reduzem o risco de uma
tomada de decisão errada por parte dos gestores. Para isso ocorrer de forma
eficiente, Araújo e De Luca destacam o papel da controladoria como sendo a
responsável pela preparação e divulgação de informes financeiros.
Dessa forma, conforme Oliveira, Perez Jr. E Silva (2002), a Controladoria
deve agir de forma eficaz e eficiente, para isso deve estar capacitada a:
organizar e reportar dados e informações que sejam relevantes para os tomadores
de decisão; manter monitoramento permanente sobre o sistema de controle interno
das diversas atividades da organização e do desempenho de demais departamentos
e exercer influência capaz de influir nas decisões dos gestores da entidade. O
grande contra ponto existente aqui é que a Controladoria não conhece os
trabalhos existentes dentro da organização, ocorrendo casos de contratação de um
trabalho específico de controle interno que na verdade já existe, às vezes até
por exigência legal da empresa.
Tão importante quando divulgar informações, a geração das informações
acaba tendo um papel importante no momento de se conceituar Controladoria. De
acordo com Figueiredo e Caggiano (1997, P. 27), “o órgão administrativo
Controladoria tem por finalidade garantir informações adequadas ao processo
decisório, colaborando com os gestores na busca da eficácia gerencial”. Podemos
destacar o papel do controller fazendo
parte da cúpula administrativa e participando dos processos de planejamento e
controle da gestão empresarial. Dessa forma, conforme Araújo e De Luca “o controller deve atuar como executivo que
cria e divulga as informações na empresa.”
Os controles internos das
organizações, dessa forma, funcionam como uma maneira de se atingir alguns
objetivos da Controladoria, ajudando, de certa forma, o controller: a confiabilidade das demonstrações contábeis, a eficácia
e a eficiência das operações e o adequado cumprimento das normas e
regulamentos.
O
controle interno, conforme a metodologia COSO, é composto pela análise de
riscos que envolve a identificação de fatores (internos e externos) que podem
afetar as operações da empresa. Dentre os riscos existentes, temos a fraude,
que trata-se de um tipo de risco operacional, pois a sua ocorrência se dá por
falhas nos processos operacionais ao possibilitar a adulteração de controles,
descumprimento de procedimentos, desvio de valores, etc. (BRITO, 2007).
Brito (2007, p. 54) define
a fraude como “o risco de perdas em decorrência de comportamentos fraudulentos
(adulteração de controles, descumprimento intencional de normas da empresa,
desvio de valores, divulgação de informações, e etc.)”. Para evitar o furto, as
organizações utilizam-se dos mais variados tipos de sistema de controle
interno. Então, nestes casos, torna-se imprescindível a adoção de um processo
de gerenciamento de riscos. O processo de gerenciamento de riscos é composto
por cinco importantes etapas que são definidas como: (BRITO, 2007) a)
Identificação dos riscos: é o processo que define aqueles eventos ou resultados
que possam ter impacto no atingimento do sucesso de uma organização. b)
Mensuração dos riscos: é o processo que quantifica e determina o impacto que um
risco pode ter (consequência) e a probabilidade de sua ocorrência. c) Avaliação
dos riscos: a avaliação determina a prioridade no gerenciamento dos riscos
através da comparação do nível destes riscos no contexto dos objetivos da organização.
d) Tratamento de riscos: é a ação compreendida após a identificação e a
avaliação de riscos considerados inaceitáveis. e) Monitoramento e Revisão: é o
processo que tem como objetivo verificar, supervisionar, observar
criteriosamente ou registrar a melhoria de uma atividade, ação ou sistema a fim
de identificar mudanças.
Sobre
esse tema risco, é importante abordar, conforme Lima(2009), que a partir de um
trabalho feito por pesquisadores “uma série de artigos empíricos e alguns
teóricos passaram a abordar o tema risco relacionando-o diretamente à
informação contábil.” Portanto, validando o pressuposto de que os números
contábeis são relevantes no momento de traduzir o risco da empresa.
Para
diminuir os riscos inerentes aos processos das organizações, torna-se necessário
novas atitudes das companhias. Mas nem sempre os debates sobre esse tema
impedem que alguns escândalos e fraudes ocorram. Para evitar isso, foi
promulgado nos Estados Unidos uma lei que inibe as fraudes corporativas e as
manipulações das demonstrações contábeis – Lei Sarbanes –Oxley (SOX). Essa Lei tem como premissa a boa Governança
Corporativa e as práticas éticas do negócio. As empresas brasileira que
negociam seus títulos naquele país são obrigados a adequarem às normas e
exigências da Lei SOX. O grande desafio das empresas brasileiras, baseados na
Lei SOX, são a criação de um Comitê de Auditoria e a criação de mecanismos de
controle interno, e no caso desses controles internos, chama atenção o seu
rigor quanto ao processo de implantação. No caso, o Comitê de Auditoria
contribui para o controle dos riscos e para a qualidade das informações
fornecidas ao Conselho de Administração e ao mercado. Quanto aos mecanismos de
controle interno, umas das ferramentas mais utilizadas para o seu gerenciamento
é a metodologia COSO - Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway
Commission. O COSO trata-se de uma
organização sem fins lucrativos que se dedica a melhoria dos relatórios
financeiros por meio da ética, efetivos controles internos e governança
corporativa. Na visão de Moraes (2003), a metodologia Coso identifica os
objetivos essenciais do negócio de qualquer organização e define o controle
interno e seus componentes, assim como fornece critérios a partir dos quais os
sistemas de controle podem ser avaliados e ofereçam subsídios para que a
administração, auditoria e demais interessados possam utilizar e avaliar um
sistema de controle. (p. 30).
Apesar
de todo o instrumental existente, não há um único melhor modelo de
controladoria que se aplique de forma efetiva a todo tipo de empresa. Existe
uma variedade de fatores que fazem com que a situação do ambiente mude constantemente
e de forma diferente nas empresas. A tomada de decisão ocorre muitas vezes
relacionando esse ambiente empresarial. É exatamente por isso que vários
pesquisadores em contabilidade têm dado atenção para a abordagem contingencial,
pois nenhuma técnica contábil sofisticada garante o sucesso da empresa. Existem
outros fatores a serem considerados para alcançar a efetividade organizacional.
Ittner
e Larcker (2002) não aceitam o fato de pesquisadores terem a abordagem
econômica como a única a ser utilizada nas pesquisas de contabilidade e
defendem o uso de outras abordagens, tais como a comportamental, institucional
e contingencial. Acreditam que o objetivo primário das pesquisas em
contabilidade gerencial deve ser determinar quais as técnicas existentes da
contabilidade gerencial que atualmente são aplicadas na prática. Portanto, a
premissa básica da teoria da contingência é a de que não existe um modelo de
contabilidade gerencial que se adapte a todas as empresas, pois as mudanças
acontecem nos sistemas de contabilidade em função do impacto de determinados
tipos de ocorrências.
Exemplos de estudos que utilizam a teoria da
contingência em diversos temas da gestão empresarial: ética (SCHWEIKART, 1992),
aderência ao controle interno (RAMASWAMI,1996), análise ambiental
(YASSAY-ARDEKANI; NYSTROM,1996), processo de tomada de decisões (Tarter e
Wayne,1998), tecnologia da informação (SAMBAMURTHY; ZMUD, 1999), administração
pública (SIMON, 1999), contabilidade internacional (SAUDAGARAN; DIGA,1999),
avaliação da performance (CHILD; CHUNG; DAVIES, 2003).
Esses
estudos podem ser utilizados em diversas áreas de estudo da gestão empresarial.
A contingência é que faz com que a organização se adapte para garantir sua
continuidade e atinja seus objetivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paolo Giuseppe Lima de; LUCA, Márcia de.
Controladoria e Gerenciamento do Risco Operacional: Um Estudo Nas Grandes
Empresas do Estado do Ceará. Universidade Federal do Ceará
CARMO, Claifton Bongiovani do; SANTANA, José Ricardo de. Avaliação do
Risco de Fraude em
Pequenas Empresas : o Caso do Comércio Varejista em Aracaju.
In: ENANPAD, 33º, 2009, São Paulo.
FARIAS,
Rômulo Paiva; LUCA, Márcia Martins Mendes; MACHADO, Marcus Vinicius Veras. A metodologia COSO como ferramenta de
gerenciamento dos controles internos.
Revista Contabilidade, Gestão e Governança, Brasília, v. 12, n. 3, p.
55 – 71, set/dez 2009.
LIMA, Vinícius Simmer de. A Habilidade Preditiva dos Indicadores de
Riscos Contábeis. In: ENANPAD, 33º, 2009, São Paulo.
MOLINARI, Sarah Kuwano Rodrigues; GURREIRO,
Reinaldo. Teoria da Contingência e Contabilidade Gerencial: um estudo de
caso sobre o processo de mudança na Controladoria do Banco do Brasil. São Paulo, s.d.
SILVA,
Karina Lima da, et al. A implementação dos Controles Internos e do Comitê de
Auditoria Segundo a Lei SOX: o Caso
Petrobrás. Revista Contabilidade Vista e Revista, Belo Horizonte, v. 20, n.
3, p. 39-63, jul/set 2009.
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