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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

RESENHA: CONTROLADORIA E AUDITORIA INTERNA NA GESTÃO DE RISCOS: PERSPECTIVA CONTINGENCIAL


O gerenciamento das informações nas organizações é importante tanto para o público externo: investidores, fornecedores, instituições financeiras, governo; quanto para o público interno das organizações. Transparência e um correto desenvolvimento das funções dentro da empresa são alguns dos exemplos que esses públicos procuram. Bons controles internos reduzem o risco de uma tomada de decisão errada por parte dos gestores. Para isso ocorrer de forma eficiente, Araújo e De Luca destacam o papel da controladoria como sendo a responsável pela preparação e divulgação de informes financeiros.
Dessa forma, conforme Oliveira, Perez Jr. E Silva (2002), a Controladoria deve agir de forma eficaz e eficiente, para isso deve estar capacitada a: organizar e reportar dados e informações que sejam relevantes para os tomadores de decisão; manter monitoramento permanente sobre o sistema de controle interno das diversas atividades da organização e do desempenho de demais departamentos e exercer influência capaz de influir nas decisões dos gestores da entidade. O grande contra ponto existente aqui é que a Controladoria não conhece os trabalhos existentes dentro da organização, ocorrendo casos de contratação de um trabalho específico de controle interno que na verdade já existe, às vezes até por exigência legal da empresa.
Tão importante quando divulgar informações, a geração das informações acaba tendo um papel importante no momento de se conceituar Controladoria. De acordo com Figueiredo e Caggiano (1997, P. 27), “o órgão administrativo Controladoria tem por finalidade garantir informações adequadas ao processo decisório, colaborando com os gestores na busca da eficácia gerencial”. Podemos destacar o papel do controller fazendo parte da cúpula administrativa e participando dos processos de planejamento e controle da gestão empresarial. Dessa forma, conforme Araújo e De Luca “o controller deve atuar como executivo que cria e divulga as informações na empresa.”
Os controles internos das organizações, dessa forma, funcionam como uma maneira de se atingir alguns objetivos da Controladoria, ajudando, de certa forma, o controller: a confiabilidade das demonstrações contábeis, a eficácia e a eficiência das operações e o adequado cumprimento das normas e regulamentos.
            O controle interno, conforme a metodologia COSO, é composto pela análise de riscos que envolve a identificação de fatores (internos e externos) que podem afetar as operações da empresa. Dentre os riscos existentes, temos a fraude, que trata-se de um tipo de risco operacional, pois a sua ocorrência se dá por falhas nos processos operacionais ao possibilitar a adulteração de controles, descumprimento de procedimentos, desvio de valores, etc. (BRITO, 2007).
Brito (2007, p. 54) define a fraude como “o risco de perdas em decorrência de comportamentos fraudulentos (adulteração de controles, descumprimento intencional de normas da empresa, desvio de valores, divulgação de informações, e etc.)”. Para evitar o furto, as organizações utilizam-se dos mais variados tipos de sistema de controle interno. Então, nestes casos, torna-se imprescindível a adoção de um processo de gerenciamento de riscos. O processo de gerenciamento de riscos é composto por cinco importantes etapas que são definidas como: (BRITO, 2007) a) Identificação dos riscos: é o processo que define aqueles eventos ou resultados que possam ter impacto no atingimento do sucesso de uma organização. b) Mensuração dos riscos: é o processo que quantifica e determina o impacto que um risco pode ter (consequência) e a probabilidade de sua ocorrência. c) Avaliação dos riscos: a avaliação determina a prioridade no gerenciamento dos riscos através da comparação do nível destes riscos no contexto dos objetivos da organização. d) Tratamento de riscos: é a ação compreendida após a identificação e a avaliação de riscos considerados inaceitáveis. e) Monitoramento e Revisão: é o processo que tem como objetivo verificar, supervisionar, observar criteriosamente ou registrar a melhoria de uma atividade, ação ou sistema a fim de identificar mudanças.
            Sobre esse tema risco, é importante abordar, conforme Lima(2009), que a partir de um trabalho feito por pesquisadores “uma série de artigos empíricos e alguns teóricos passaram a abordar o tema risco relacionando-o diretamente à informação contábil.” Portanto, validando o pressuposto de que os números contábeis são relevantes no momento de traduzir o risco da empresa.
            Para diminuir os riscos inerentes aos processos das organizações, torna-se necessário novas atitudes das companhias. Mas nem sempre os debates sobre esse tema impedem que alguns escândalos e fraudes ocorram. Para evitar isso, foi promulgado nos Estados Unidos uma lei que inibe as fraudes corporativas e as manipulações das demonstrações contábeis – Lei Sarbanes –Oxley (SOX). Essa Lei tem como premissa a boa Governança Corporativa e as práticas éticas do negócio. As empresas brasileira que negociam seus títulos naquele país são obrigados a adequarem às normas e exigências da Lei SOX. O grande desafio das empresas brasileiras, baseados na Lei SOX, são a criação de um Comitê de Auditoria e a criação de mecanismos de controle interno, e no caso desses controles internos, chama atenção o seu rigor quanto ao processo de implantação. No caso, o Comitê de Auditoria contribui para o controle dos riscos e para a qualidade das informações fornecidas ao Conselho de Administração e ao mercado. Quanto aos mecanismos de controle interno, umas das ferramentas mais utilizadas para o seu gerenciamento é a metodologia COSO - Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission. O COSO trata-se de uma organização sem fins lucrativos que se dedica a melhoria dos relatórios financeiros por meio da ética, efetivos controles internos e governança corporativa. Na visão de Moraes (2003), a metodologia Coso identifica os objetivos essenciais do negócio de qualquer organização e define o controle interno e seus componentes, assim como fornece critérios a partir dos quais os sistemas de controle podem ser avaliados e ofereçam subsídios para que a administração, auditoria e demais interessados possam utilizar e avaliar um sistema de controle. (p. 30).
            Apesar de todo o instrumental existente, não há um único melhor modelo de controladoria que se aplique de forma efetiva a todo tipo de empresa. Existe uma variedade de fatores que fazem com que a situação do ambiente mude constantemente e de forma diferente nas empresas. A tomada de decisão ocorre muitas vezes relacionando esse ambiente empresarial. É exatamente por isso que vários pesquisadores em contabilidade têm dado atenção para a abordagem contingencial, pois nenhuma técnica contábil sofisticada garante o sucesso da empresa. Existem outros fatores a serem considerados para alcançar a efetividade organizacional.
            Ittner e Larcker (2002) não aceitam o fato de pesquisadores terem a abordagem econômica como a única a ser utilizada nas pesquisas de contabilidade e defendem o uso de outras abordagens, tais como a comportamental, institucional e contingencial. Acreditam que o objetivo primário das pesquisas em contabilidade gerencial deve ser determinar quais as técnicas existentes da contabilidade gerencial que atualmente são aplicadas na prática. Portanto, a premissa básica da teoria da contingência é a de que não existe um modelo de contabilidade gerencial que se adapte a todas as empresas, pois as mudanças acontecem nos sistemas de contabilidade em função do impacto de determinados tipos de ocorrências.
Exemplos de estudos que utilizam a teoria da contingência em diversos temas da gestão empresarial: ética (SCHWEIKART, 1992), aderência ao controle interno (RAMASWAMI,1996), análise ambiental (YASSAY-ARDEKANI; NYSTROM,1996), processo de tomada de decisões (Tarter e Wayne,1998), tecnologia da informação (SAMBAMURTHY; ZMUD, 1999), administração pública (SIMON, 1999), contabilidade internacional (SAUDAGARAN; DIGA,1999), avaliação da performance (CHILD; CHUNG; DAVIES, 2003).
Esses estudos podem ser utilizados em diversas áreas de estudo da gestão empresarial. A contingência é que faz com que a organização se adapte para garantir sua continuidade e atinja seus objetivos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, Paolo Giuseppe Lima de; LUCA, Márcia de. Controladoria e Gerenciamento do Risco Operacional: Um Estudo Nas Grandes Empresas do Estado do Ceará. Universidade Federal do Ceará

CARMO, Claifton Bongiovani do; SANTANA, José Ricardo de. Avaliação do Risco de Fraude em Pequenas Empresas: o Caso do Comércio Varejista em Aracaju. In: ENANPAD, 33º, 2009, São Paulo.

FARIAS, Rômulo Paiva; LUCA, Márcia Martins Mendes; MACHADO, Marcus Vinicius Veras. A metodologia COSO como ferramenta de gerenciamento dos controles internos. Revista Contabilidade, Gestão e Governança, Brasília, v. 12, n. 3, p. 55 – 71, set/dez 2009.

LIMA, Vinícius Simmer de. A Habilidade Preditiva dos Indicadores de Riscos Contábeis. In: ENANPAD, 33º, 2009, São Paulo.

MOLINARI, Sarah Kuwano Rodrigues; GURREIRO, Reinaldo. Teoria da Contingência e Contabilidade Gerencial: um estudo de caso sobre o processo de mudança na Controladoria do Banco do Brasil.  São Paulo, s.d.

SILVA, Karina Lima da, et al. A implementação dos Controles Internos e do Comitê de Auditoria Segundo a Lei SOX: o Caso Petrobrás. Revista Contabilidade Vista e Revista, Belo Horizonte, v. 20, n. 3, p. 39-63, jul/set 2009.

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