Dentre o conjunto de integrantes da
pesquisa social, temos as surveys,
que têm a característica de oferecer de uma maneira rápida e barata as
características e crenças de uma população em geral. Muito utilizada por vários
segmentos: governo, pesquisadores, militares, etc, as surveys caracterizam-se pela coleta de dados e tem propósito
variado. Podemos caracterizar as surveys
sobre quatro aspectos: factuais, atitudinais, psicológico-sociais e
explicativas. As surveys factuais têm
como propósito obter dados dos indivíduos a respeito da sua situação material,
não se preocupando com suas atitudes e opiniões. As surveys atitudinais, diferentemente das factuais, visam a
utilização do método para obterem informações sobre atitudes. Já as surveys psicológico-sociais têm uma
preocupação com o comportamento dos pequenos grupos, afastando-se do perfil
estatístico. Por último, como característica de surveys, temos a explicativa. Essas últimas são especificamente
delineadas para testar hipóteses que derivam de teorias.
A metodologia para
empregar o método survey é muito
parecido com o utilizado nas ciências naturais. Todas as surveys apresentam, de alguma forma, uma quantidade mínima de
pressupostos teóricos. Elas medem fatos, atitudes ou comportamentos por meio
dos questionários, daí a importância de mensurarmos. A pesquisa de survey é calcada em uma série de
procedimentos, rigorosos, com a finalidade de reduzir a quantidade de viés que
possam aparecer: Padronização – refere-se como um questionário é planejado,
administrado e analisado. Replicabilidade – possibilidade de outros
pesquisadores replicarem a survey
utilizando o mesmo tipo de amostragem, questionário, etc. Isso está intimamente
relacionado a confiabilidade e validade, devendo a survey ser tanto confiável como válida. E como último procedimento, temos a
representatividade – onde as descobertas devem ser bastante significativas. Como
essa representação refere-se a amostragem da população, mencionamos dois tipos:
amostras probalísticas – expressam a probabilidade matemática das
características da amostra sendo
reproduzidas na população; e amostras não-probabilísticas – utilizadas quando o
pesquisador não consegue um número (moldura de amostragem) de forma imediata.
Algumas questões fundamentais
para a construção das surveys: 1 –
Identificação clara da teoria que informa a pesquisa potencial; 2 – Quais
pesquisas já foram realizadas sobre aquele tema e que teorias os pesquisadores
mostraram interesse em sustentar; 3 – Qual survey
é a melhor abordagem para a questão de pesquisa; 4 – Identificação de hipóteses
testáveis; e 5 – Tomar a decisão sobre quem é a população. As decisões sobre a
amostragem estão vinculadas à população-alvo da survey. Então, o tipo da população, a natureza da questão de
pesquisa e os recursos disponíveis determinarão o tipo de questionário a ser
utilizado: questionário auto-aplicável ou por correspondência, a survey telefônica e as entrevistas
pessoais agendadas. Cada um desses questionários apresenta suas vantagens e desvantagens.
Para proceder eficazmente com os questionários é necessário que se construa
perguntas claras e sem ambiguidade. Assim temos alguns tipos de perguntas:
perguntas de classificação; perguntas factuais; perguntas de opinião; perguntas
abertas e fechadas. Após todo o processo de obtenção dos dados dos
questionários, é necessários analisá-los.
Apesar de toda a
técnica adotada, o método survey apresenta
alguns problemas: relação causal entre as variáveis, que não é aplicável à
esfera humana; as pessoas chegam a adotar valores e comportamentos
particulares, que é excluído pelo método survey;
na forma como é feita algumas perguntas (os pesquisadores fazem perguntas
particulares), é inevitável a restrição das respostas, ou seja, o método
fracassa pois as pressuposições dos teóricos orientam a pesquisa. Para redução
desses problemas, a sugestão seria a dedicada atenção ao delineamento, à
medição e a um bom projeto piloto.
Com
o desenvolvimento de novas tecnologias, as surveys
tornaram-se mais sofisticadas, com significativa influência dada pela
matemática e estatística. O tempo de análise de variáveis diminuiu
consideravelmente, e podem ser realizadas em apenas alguns minutos. Porém, tudo
isso não acontece sem um custo. O computador, talvez, nunca venha a remover a
necessidade de cuidado e precisão no delineamento da survey e na coleta de dados. Sem mencionar outras dificuldades
como: acesso a internet (apesar de bastante difundida, ainda existe uma minoria
privilegiada) e segurança na escolha imparcial dos respondentes da pesquisa.
Referências
MAY,
Tim. Pesquisa Social: questões, métodos e processos. Tradução Carlos Alberto
Silveira Netto Soares. 3. Ed., Porto Alegre: Artmed, 2004.
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