Powered By Blogger

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

RESUMO: Estudo de Caso como Estratégia de Pesquisa


Uma das ferramentas utilizadas na pesquisa acadêmica que tem seu uso bastante difundido é o estudo de caso, não obstante seu uso não ser bem compreendido ou avaliado. Para muitos autores o estudo de caso é mais arte do que ciência. Ultimamente, artigos e livros têm sido publicados em defesa do estudo de caso. A dificuldade gira em torno da complexidade em que o assunto é debatido, muitas das vezes fugindo ao contexto dos estudantes que tem a árdua missão de montar um projeto de pesquisa.
            É preciso conceber algumas características que diferenciam o estudo de caso de outras pesquisas: estudam fenômenos em profundidade dentro de seu contexto; são especialmente adequados ao estudo de processos e exploram os fenômenos com base em vários ângulos.
            Estudam fenômenos em profundidade dentro de seu contexto: uma das vantagens do estudo de caso é que ele estuda as pessoas em seu ambiente natural, diferenciando-se, assim, do experimento. Muito requisitado em pesquisas que dão ênfase na análise de fenômenos ou processos dentro de seu contexto. Bastante adequado quando os limites entre fenômeno e contexto são claramente evidentes.
            Adequados ao estudo de processos: a capacidade de explorar os processos sociais é um dos pontos fortes dos estudos de caso. A análise processual, contextual e longitudinal das várias ações e significados que se manifestam e que são construídos dentro das organizações, só são permitidos com o emprego do estudo de caso.
             Exploram os fenômenos com base em vários ângulos: possibilidade de considerar um grande número de variáveis e o uso de diversas fontes. No estudo de caso pode ser incluído a coleta de dados tanto por instrumentos quantitativos ou qualitativos. A ênfase é maior na utilização de instrumentos qualitativos – por causa dos tipos de questões que são levantados na pesquisa.
            Podemos dividir os tipos de estudos de caso em administração no seguinte: casos práticos e teóricos; casos específicos e genéricos; contribuições do caso a teoria. Nos casos práticos e teóricos existem variados propósitos para a utilização de estudos de caso na Administração: casos para o ensino (relato de uma situação vivida nas empresas, que é levado para sala de aula, envolvendo os alunos no processo de aprendizagem); casos que se destinam a relatar práticas de organizações ou oferecer alternativas políticas (os problemas, processos ou soluções são relevantes para a maioria das organizações); e casos que buscam contribuir para o avanço do conhecimento na área (desenvolvimento de conhecimento teórico na área de administração). Quanto aos casos específicos e genéricos, um caso possui características específicas, como também uma dimensão genérica. Os estudos de caso podem ser diferenciados conforme Stake (1994) em intrínsecos, instrumentais e coletivos. Nos intrínsecos o objetivo é entender melhor o caso particular, tendo em vista o interesse intrínseco em um indivíduo, grupo ou organização. Os aspectos instrumentais procuram encontrar casos férteis, medindo seus aspectos fundamentais, demonstrando conexões causais entre seus elementos e sugerindo algo sobre a generalização potencial de seus resultados. O uso de casos coletivos, onde o propósito é investigar casos múltiplos, considera a lógica da replicação e não da amostragem. Quanto a contribuição do caso a teoria, é proposto cinco maneiras pelas quais o caso pode contribuir para o pensamento teórico: 1 – estudos ideográficos-configurativos (não leva a interpretações teóricas gerais, sendo altamente descritivo); 2 – estudos configurativos-disciplinados (busca-se interpretar padrões encontrados em postulados teóricos gerais); 3 – caso heurístico (a situação é deliberadamente escolhida para gerar teoria.) ; 4 – sondagens de plausibilidade (usados para testar a teoria geral – teste preliminar); e 5 – estudos de caso cruciais (o pesquisador procura casos “menos prováveis” – para confirmar uma teoria – ou “mais prováveis” – para invalidade uma teoria).
            Como podemos ver, existem diversos propósitos e formas para desenvolver estudos de caso. Propor uma tipologia que possa alocar diversas tendências acaba se tornando o grande desafio para o pesquisador. Na prática, os pesquisadores utilizam a combinação dessas diversas modalidades. Nas várias áreas existentes hoje em administração, cada uma tem sua cultura definida no que diz respeito à pesquisa, respeitando sempre o método científico.

Referência

ROESCH, Sylvia Azevedo. Projetos de estágio e de pesquisa em administração: guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudo de caso. 3. ed., São Paulo: Atlas, 2006. p. 199-241.

Nenhum comentário:

Postar um comentário