A pesquisa qualitativa é bastante questionada quanto a sua legitimidade,
pois uma das formas de avaliar a pesquisa qualitativa é a de defini-la como um
problema sem solução. Uma das principais críticas a pesquisa qualitativa é a de
que as suas interpretações, bem como os resultados da pesquisa, tornam-se
transparentes a partir de comparações retiradas de entrevistas e uso de pedaços
exemplificativos de textos escolhidos pelo pesquisador para ilustrar a matéria
pesquisada. Esse procedimento é rotulado de “plausibilidade seletiva”. Para FLICK (2008), a plausibilidade
seletiva não consegue resolver o problema da compreensibilidade.
Então, o embasamento da pesquisa
qualitativa, baseado nos problemas mencionados acima, se divide basicamente em
três tópicos: critérios que devem ser adequadamente empregados para avaliar o
procedimento e os resultados da pesquisa qualitativa; grau de generalização dos
resultados que pode ser obtido a cada vez, possibilitando garantir a
generalização e, por último, a importância da apresentação dos procedimentos e
dos resultados da pesquisa qualitativa. Quanto ao tópico de critérios de avalição
do procedimento e dos resultados, temos a alternativa de aplicar os critérios
clássicos: confiabilidade e validade.
A confiabilidade, como critério para
a avaliação da pesquisa qualitativa, é discutida sob três formas para
especificação do seu significado, conforme Kirk e Miller (1986). O primeiro é a
confiabilidade quixotesca que tenta
explicar até que ponto um método particular pode levar continuamente a medições
ou resultados idênticos. O segundo trata da confiabilidade
diacrônica que é examinada como a estabilidade das medições ou observações
em seu curso temporal. Por fim, a confiabilidade
sicrônica que é a constância ou a consistência de resultados obtidos no
mesmo momento, porém, através da utilização de instrumentos diferentes.
A atenção dada à validade é maior do
que a dada para a confiabilidade, no que se refere ao embasamento da pesquisa
qualitativa. Os resultados devem ser claros e passíveis de interpretação e,
ainda, se há a possibilidade de generalização na relação de causalidade para outras
populações, ambientes e épocas.
Existem outros critérios
alternativos que foram desenvolvidos para a avaliação da pesquisa qualitativa,
como exemplo podemos citar: fidedignidade, credibilidade, segurança.
Cabe destacar um ponto importante, a
segurança quanto aos procedimentos que é verificado através de um processo de
auditoria.
Temos outro aspecto no embasamento
da pesquisa qualitativa que é a generalização de conceitos e relações
encontrados. Existe um problema na generalização da pesquisa qualitativa: a de
que seus enunciados são construídos para um determinado contexto ou casos
específicos, e baseiam-se em análise de relações, condições e processos, dentre
outros. Porém, quando da generalização das descobertas da pesquisa, o vinculo
com o contexto deve ser descartado para que “se apurem se as descobertas são
válidas independentemente de contextos específicos e fora desses contextos.”
FLICK (2008, p. 241).
O embasamento da pesquisa
qualitativa torna-se uma questão de análise da pesquisa enquanto processo. Apesar
da dificuldade de encontrar soluções satisfatórias para o problema existente no
embasamento da pesquisa qualitativa, torna-se evidente a necessidade de
discutir os critérios tradicionais com os critérios alternativos.
Referências
FLICK, Uwe. Uma
introdução à pesquisa qualitativa. 3. Ed., Porto Alegre: Bookman, 2008.
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