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terça-feira, 30 de outubro de 2012

RESUMO do artigo: A interação universidade-empresa e a inovação: resenha de estudos e a situação brasileira.


Conforme afirmam Puffal e Costa (2008), a inovação tem sido apresentada na literatura como uma fonte para a sobrevivência e a expansão de empresas no mercado. Os autores destacam essa afirmação quando colocam a produtiva contribuição de Schumpeter (1982), em que um dos motivos para o desenvolvimento econômico é a inovação.
Quando temos infraestrutura tecnológica, existência de recursos humanos qualificados, relação de cooperação entre empresas e destas com outras instituições e um sistema de financiamento e de marco regulatório apropriado, é criado um ambiente propício para a geração de inovação. O Sistema Nacional de Inovação (SNI) constitui-se no arranjo institucional adequado a esse fim. (Puffal e Costa, 2008, p. 1)
Os sistemas nacionais de inovação sofrem uma importante influência desempenhada pela interação entre a produção científica e a produção tecnológica. No contexto dos países desenvolvidos essa interação é bastante positiva. O mesmo não se pode falar nos países em desenvolvimento, onde a ideia do SNI ainda não está amadurecida e a interação ainda é baixa.
Assim, nesse contexto, o objetivo da pesquisa dos autores (Puffal e Costa, 2008, p. 1) é identificar o estágio em que se encontra a relação universidade-empresa.
Desde a década de 1990, a propagação de novas tecnologias em informação e comunicação e a abertura comercial entre países mudaram o ambiente competitivo onde as instituições atuam. Em pesquisa feita sobre padrões tecnológicos e desempenho de firmas industriais brasileiras, De Negri, Salerno e Castro (2005) apud Puffal e Costa (2008, p. 2) verificaram que a estratégia de inovação e de diferenciação de produtos é a mais promissora para as organizações.
A ideia de sistema de inovação vem se desenvolvendo ao longo do tempo, passando por estudos de diversos autores. A acumulação de pesquisas empíricas em países desenvolvidos em diferentes níveis de agregação mostraram a inovação como um processo interativo.
O SNI é composto de organizações, instituições e da interação entre elas. Firmas, universidades, centros de pesquisa, agências governamentais, organizações políticas entre outros, formadas por estruturas formais, (...). O conjunto de regras, rotinas e hábitos estabelecidos, assim como as leis que regulam as relações entre indivíduos e organizações representam instituições do SNI. (PUFFAL E COSTA, 2008, p. 2)

Dessa forma, de acordo com Nelson (2006) apud Puffal e Costa (2008, p. 2-3), há duas razões para as empresas ocuparem um importante papel no processo de inovação: a primeira é que deve haver conhecimento suficiente para identificar e delimitar os pontos fortes e fracos da tecnologia que está em vigor já há algum tempo, bem como possíveis melhorias para orientar um trabalho inovador e com alto rendimento. A segunda razão, também presente nas empresas, é a exploração comercial da tecnologia, a qual necessita de estudos de viabilidade econômica e técnica, coordenação das áreas de P&D, produção e marketing, com objetivo final de maximizar o potencial da inovação.
Uma das ideias inerentes ao conceito de sistema de inovação é a interação vertical e a inovação como um processo interativo.
Dessa forma, os autores trazem o conceito da tríplice hélice. Este modelo busca capturar múltiplas e recíprocas relações em diferentes pontos do processo de geração de conhecimento. Divide-se em três dimensões:
A primeira dimensão do modelo é a transformação interna em cada uma das hélices, como o desenvolvimento de laços laterais entre empresas através de alianças estratégicas ou pelo reconhecimento das universidades em assumir também responsabilidade no desenvolvimento econômico. A segunda dimensão importante é a influência que tem uma hélice sobre a outra, ou seja, governo sobre empresa, empresa sobre universidade e assim por diante. A terceira dimensão é a criação de uma nova sobreposição trilateral de redes e organizações, desde a interação entre as três hélices, estabelecida com o propósito de produzir novas idéias e formatos para o desenvolvimento de alta tecnologia. (PUFFAL E COSTA, 2008, p. 3)

Puffal e Costa (2008, p. 3) constatam que a universidade permite o estabelecimento de firmas através de suas incubadoras tecnológicas; a indústria tem exercido o papel de educador através das chamadas universidades corporativas e o governo pode ser considerado um investidor em empresas através dos programas de financiamento a atividades inovadoras.
Baseado nisso, Etzkowitz (2002) apud Puffal e Costa (2008, p. 4) apresenta três modelos diferentes de relação institucional. No primeiro modelo são mostradas esferas separadas umas das outras, sem colaboração entre elas, em que a indústria e a universidade subordinadas ao Governo. No segundo modelo, as três esferas são separadas uma da outra, atuando de forma independente. O terceiro modelo é uma combinação dos dois primeiros, em que as esferas institucionais se sobrepõem e cooperam entre si.
Intensidade e a qualidade das pesquisas conduzidas por universidades, bem como uma política de distribuição dessas instituições no país, têm um efeito significativo na inovação regional. É o que indica pesquisa feita por Fritsch e Slavtchev (2007) apud Puffal e Costa (2008, p. 4). Outro resultado importante foi o de que o tamanho da universidade e seu orçamento não têm correlação significativa com a inovação regional. No entanto, os recursos externos obtidos apresentam relação positiva. Isto, na visão dos autores, pode ser um indicador da importância da interação entre universidade, empresa e governo.
Quando há uma cooperação entre universidade e empresa, podem ocorrer benefícios como afirmam Costa e Cunha (2001) apud Puffal e Costa (2008, p. 5),
Para as universidades, os autores citam como aqueles mais expressivos a maior possibilidade em captar recursos adicionais para a pesquisa básica e aplicada e proporcionar um ensino vinculado aos avanços tecnológicos. Para as empresas, a capacidade em desenvolver tecnologia com menor investimento, em menor espaço de tempo e com menores riscos. O governo, por sua vez, vê facilitado o fomento do desenvolvimento do país através de menor nível de investimento em infraestrutura e em capacidade instalada de pesquisa e desenvolvimento.

Para fazer uma avaliação de como a interação universidade-empresa tem sido estudada em âmbito internacional, os autores realizaram um levantamento na base de dados ABI-INFORM, onde buscaram identificar publicações que contemplassem estudos sobre o tema. No caso nacional, foi realizado levantamento de dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), cuja realização está a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Puffal e Costa (2008, p. 6) afirmam que esses dados permitem a construção de indicadores, e que a partir deles podemos fazer uma comparação, a nível internacional, das atividades de inovação brasileiras.
Um ponto importante deixado pelos resultados da pesquisa refere-se à falta de recursos pelas instituições, o que as impede de seguirem com o processo de inovação.
Bem interessante é a afirmação de De Negri, Salerno e Castro (2005) apud Puffal e Costa (2008, p. 10) de que a inovação tem correlação positiva com o resultado financeiro. Isto leva a um espiral descendente, onde a empresa que não investe em inovação por não ter recurso, passa a não ter recurso por falta de inovação.
Para esses autores, as empresas brasileiras não se esforçam em inovação de modo a aumentarem suas taxas de crescimento e se inserirem no mercado externo. Uma das maneiras para isso acontecer seria com a constituição de um Sistema Nacional de Inovação que suporte as atividades das empresas nessa direção.
Já há consenso na academia e entre policy makers de que a inovação é fator relevante na determinação da riqueza das nações e na competitividade de empresas. (PUFFAL E COSTA, 2008, p. 12)
A inovação tem sua importância para o progresso econômico e a performance de empresas. No entanto, os instrumentos empregados na atualidade ainda carecem de uma padronização.
Puffal e Costa (2008, p. 13) fazem uma comparação do estágio de desenvolvimento tecnológico do Brasil com a comunidade internacional e mostram como resultado que ele aparece entre os países com baixo investimento em ciência e tecnologia, sendo que esses gastos são ainda predominantemente estatais.
Concluem, então, que isso é mais um motivo para que o país desenvolva um sistema nacional de inovação com maior maturidade. Não obstante esse quadro vim se modificado nos últimos anos.
Parcerias com universidades e instituições de pesquisa é um importante passo superar as dificuldades individuais na inovação. Algo que deva ser desenvolvido pelas empresas brasileiras. “Esse quadro existente no país indica que há um amplo caminho a ser explorado na cooperação entre empresas e universidades, de modo a superar o atraso tecnológico relativo de nossa estrutura produtiva.” (PUFFAL E COSTA, 2008, p. 13)

Referência
PUFFAL, Daniel Pedro; COSTA, Achyles Barcelos da. A interação universidade-empresa e a inovação: resenha de estudos e a situação brasileira. In: XXV Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica, 2008.

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