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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IES) NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

                Desde a Conferência das Nações Unidas de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, tem sido crescente o interesse internacional no papel do ensino superior na promoção de um futuro sustentável (Calder & Clugston, 2003).
            Em 1977, a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi, Geórgia, produziu a primeira declaração internacional sobre educação ambiental. A Declaração de Tbilisi (1977) promovia o ensino ambiental, a pesquisa, formação, bem como a educação técnica e profissional. Ela também reconheceu a natureza essencial interdisciplinar
da EA em uma de suas recomendações:
“to encourage acceptance of the fact that, besides subject-oriented environmental education, interdisciplinary treatment of the basic problems of the interrelationships between people and their environment is necessary for students in all fields, not only natural and technical sciences but also social sciences and arts, because the relationships between nature, technology and society mark and determine the development of a society.” (TBILISI, 1977, p. 33)

                É a partir dessas recomendações, e com o surgimento de várias conferências, que, no início da década de 90, surgem importantes declarações que são reconhecidas internacionalmente. Era a maneira como as IES poderiam expressar um compromisso de atuar voluntariamente, inserindo práticas e iniciativas para melhorar o desempenho ambiental. González-Benito & González-Benito (2006, p. 88) chamavam isso de pro atividade ambiental, apesar da expressão comumente usada para empresas industriais, Kaul e Smith (2012, p. 135) afirmam que essa temática não é limitada somente a negócios.
            O primeiro passo para se definir e promover o desenvolvimento sustentável nas IES foi feita com a criação da Declaração de Talloires (1990) em outubro de 1990. Jean Mayer (1920 – 1993), então presidente da Tufts University, reuniu presidentes e reitores de outras universidades ao redor do mundo em Talloires, França, para expressar a preocupação sobre o estado em que o mundo se encontrava. A proposta era criar um documento que descrevesse ações que as IES deveriam tomar para criar um futuro sustentável.
            Essa reunião terminou com a criação da Declaração de Talloires, um plano de ação de dez pontos para faculdades e universidades comprometidas com a promoção da educação para a sustentabilidade e alfabetização ambiental (ULSF, 2012).  
Considerada como um modelo internacional (ULSF, 2012), a Declaração Talloires (1990) já foi assinada por 446 representantes de IES em 55 países dos cinco continentes. Conforme afirma Barbieri & Silva (2011, p. 74) é a iniciativa mais conhecida no Brasil, entre as IES mais comprometidas. São 52 IES, no Brasil, signatárias da Declaração de Talloires (1990). O Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos, ficando na frente de países como Canadá, Austrália e Reino Unido, no que diz respeito à quantidade de instituições signatárias.
          Em seu Breve Histórico da Declaração de Talloires, a associação das Universidades Líderes para um Futuro Sustentável (ULSF, 2012) coloca que a assinatura da Declaração Talloires - para algumas instituições - constituiu um ato simbólico no momento. Para outras, no entanto, o documento continua a ser um impulso e uma estrutura para o progresso constante em direção à sustentabilidade.
As IES constituem um dos principais loci geradores de conhecimentos e têm a responsabilidade social de constituir-se em espaço educador, bem como contemplar, em suas políticas e serviços, as demandas de formação da sociedade. A formação ambiental, associada a um contexto de participação cidadã favorece um diagnóstico dos problemas socioambientais bem como a necessária implicação individual e coletiva em sua superação. (BRASIL, 2007, p. 26)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBIERI, José Carlos ; SILVA, Dirceu da. Desenvolvimento Sustentável e Educação Ambiental: uma trajetória comum com muitos desafios. RAM - Revista de Administração Mackenzie, v. 12, p. 51-82, 2011.

BELGRADO. Carta de Belgrado: Uma estrutura global para educação ambiental, 1975. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/sdi/ea/deds/pdfs/crt_belgrado.pdf>. Acesso em 20 SET 2012.

BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, p. 1-4, abr. 1999.

______. Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental (OG-PNEA). Mapeamento da educação ambiental em instituições brasileiras de educação superior: elementos para políticas públicas. (OG-ProNEA). Documentos Técnicos – 12, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/dt12.pdf>. Acesso em: 20 SET. 2012.

CALDER, W.; CLUGSTON, R. M. Progress toward sustainability in higher education. Environmental law institute: news & analysis. Washington, DC: Environmental Law Institute, 2003.

González-Benito, J.; González-Benito, Ó. (2006). A Review of Determinant Factors of Environmental Proactivity. Business Strategy Environment, 15, 87-102.

Kaul, Mishanka; Smith, Jonathan. Exploring the nature of responsibility in higher education. Journal of Global Responsibility, Vol. 3 Iss: 1 pp. 134 – 150, 2012.

SILVA, A. M.; MEIRELES, F. R. S. ; ABREU, M. C. S. . Educação Ambiental em uma Instituição de Ensino: Motivações, Contribuições e Dificuldades. In: Encontro Internacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente - Engema, 2013, 2013, São Paulo. ENGEMA, 2013. v. XV.

SILVA, Adriano Monteiro da; ABREU, Mônica Cavalcante Sá de. A Educação Ambiental em um Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia: Diagnóstico e PercepçõesDisciplina de Gestão Socioambiental. Mestrado em Administração e Controladoria. Universidade Federal do Ceará, 2012.

TALLOIRES. Talloires Declaration Institutional Signatory List, 2012. Disponível em : <http://www.ulsf.org/programs_talloires_signatories.html>. Acesso em: 15 OUT. 2012

TBILISI. Intergovernmental Conference on Environmental Education. Organized by Unesco in co-operation with UNEP. Tbilisi (USSR) 14 - 26 OUT. 1977. Disponível em : <http://unesdoc.unesco.org/images/0003/000327/032763eo.pdf >. Acesso em 15 OUT. 2012

ULSF. Talloires Declaration, 1990. Disponível em: <http://www.ulsf.org/programs_talloires_td.html>. Acesso em 15 OUT. 2012

____. Brief History of the Talloires Declaration, 2012. Disponível em: <http://www.ulsf.org/programs_talloires_history.html>. Acesso em 15 OUT. 2012

2 comentários:

  1. Olá Adriano, adorei esse post, ele foi muito útil para a construção da fundamentação teórica do meu Trabalho de Conclusão de Curso. Gostaria de saber como posso citá-lo nas minhas referências. Obrigada desde já.

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    1. Olá Mariana, tudo bem?

      Fico feliz em saber que o blog está sendo útil. Esse tópico é parte de um referencial teórico de um artigo desenvolvido durante as atividades de mestrado, que foi submetido recentemente ao ENANPAD 2013, mas ainda não obtive resposta de aceite. Quanto as citações, creio que pode utilizar-se das regras da ABNT. Por email, posso te enviar algumas sugestões, ok?

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